A falta de compromisso dos governos com o ensino público e suas políticas de terceirização são apontadas por especialistas e estudiosos como grandes ameaças à educação na América Latina.
A conclusão é dos dirigentes sindicais da Argentina e Uruguai, que abriram o debate na manhã deste sábado, 30, no Encontro do Movimento Pedagógico Latino-Americano Paulo Freire, que acontece no auditório do Sintero, em Porto Velho.
Esse problema, segundo eles, é oriundo dos grandes grupos empresariais multinacionais, que estão atuando em parceria com os governos de direita, implantados em diversos países da região.
“A Organização dos Estados Nacionais e os Desafios da Política de Valorização dos(as) Trabalhadores(as) da Educação: Experiência Argentina e Uruguaia” foi o tema do primeiro painel do dia, coordenado pela secretária geral do Sintero, Francisca Diniz de Melo Martins, e a secretária de Finanças, Rosana Gomes Nepomuceno Reis, e teve como palestrantes Marcela Fabiana Guerrero, representante da Secretaria de Relações Internacionais da CTERA (Confederação dos Trabalhadores em Educação da Argentina); Elbia Pereira, secretária geral da Federação Uruguaia do Magistério – Trabalhadores da Educação Primária (FUM-TEP), e José Oliveira, secretário geral da Fenapes (Federação Nacional de Professores do Ensino Secundário do Uruguai).
Marcela Fabiana Guerrero fez breve relato sobre a história dos 44 anos da CTERA e a luta em defesa de uma educação pública gratuita e um direito do Estado, contrariando os interesses de grandes grupos multinacionais que atuam em seu país. Ela destacou que a organização passou cerca de 30 anos brigando com os governos de direita e a ditadura militar na Argentina contra as reformas neoliberais.
O movimento sindical conseguiu avançar em suas reivindicações em 12 anos de governos progressistas e populares, representado por Nestor e Cristina Kirchner. No entanto, a partir de 2015, com a eleição de Maurício Macri, representante do empresariado argentino, “todos os direitos conquistados estão sendo ameaçados por medidas governamentais que defendem a privatização do ensino”, explicou Marcela Guerrero.
Elbia Pereira também relatou a conjuntura educacional do país e os desafios que a FUM-TEP tem enfrentado no Uruguai, mesmo sob o comando de um governo progressista. “Estamos resistindo a um forte ataque da direita, onde o pensamento é conservador e ameaça nossas conquistas”, declarou.
Para Elbia, grandes grupos multinacionais pressionam o governo visando implantar processos de privatização na educação. Citou o exemplo dos meios de comunicação que influenciam a população. “Por isso, temos que fazer com que os companheiros entendam que cada notícia carrega interesses do capital e é importante sabermos de onde vem e qual a linha. Nosso objetivo, enquanto movimento, é combater esse processo por meio dos companheiros no sindicato e nas escolas”, ressaltou.
José Oliveira lembrou aos participantes que o movimento foi criado em 2011 para fortalecer as intervenções sindicais na América Latina, com a ampliação dos governos progressistas e populares. Porém, alertou sobre os objetivos do movimento diante de um novo cenário na região, com a retomada do poder por governos de direita e conservadores. “Por isso, a importância de estarmos socializando nossas experiências neste evento, para que possamos construir as estratégias de enfrentamento às medidas neoliberais. O Movimento Pedagógico está em constante avanço para evitarmos a privatização do ensino”, concluiu. (Com informações da CNTE)
Fonte: Assessoria