Voltar 01 de Julho de 2020

Desorganização da Seduc gera sobrecarga de trabalho em relação às aulas virtuais


O Sintero tem recebido diariamente inúmeras denúncias dos professores estaduais, relacionadas ao grande volume de trabalho gerado em razão das aulas não-presenciais, implantadas pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), desde o mês de abril. Sem receberem equipamentos tecnológicos e qualquer tipo de treinamento ou suporte necessário para atuarem no meio digital, os docentes estão se desdobrando e, muitas vezes, trabalhando além de suas jornadas formais, para ofertarem uma educação de qualidade aos estudantes da Rede Pública de Ensino.                                     

 A principal denúncia recebida pelo Sintero refere-se à nova e exaustiva rotina de trabalho desempenhada pelos professores, que além do planejamento, elaboração e realização das aulas, passou a incluir novas funções como adaptar o conteúdo para plataformas digitais e produzir/disponibilizar vídeos. A agenda dos professores também passou a conter diversas reuniões com direção escolar e o atendimento remoto aos alunos, pais ou responsáveis, que entram em contato com o profissional fora do horário de trabalho ou no período noturno e, até mesmo, nos fins de semana. Também há uma intensa cobrança e solicitação de relatórios técnicos por parte da coordenação escolar. Todos esses fatores contribuem para que haja uma sobrecarga no trabalho, levando os profissionais a excederem a carga horária determinada no Plano de Carreira da Categoria, Lei 680/2012.

Destaca-se que os profissionais estão utilizando seus próprios materiais eletrônicos para atuarem no regime de "home office", operando de forma intuitiva e improvisada nas plataformas, visto que não houve mínimo preparo para tal trabalho. Os profissionais também revelam que houve um aumento de despesas domésticas como a de energia elétrica, internet banda larga e/ou internet móvel. No entanto, não há reposição salarial para a categoria e nem houve interesse por parte do Governo em atualizar o Piso Salarial do Magistério, conforme regulamenta a Lei Federal nº 11.738/2008.

As denúncias revelam ainda que há constantes mudanças nas plataformas virtuais organizadas pela Seduc, que obriga os professores a migrarem conteúdos para outros bancos de dados, ocasionando a verdadeira desorganização do trabalho desenvolvido anteriormente. Em relação aos profissionais que atuam nas áreas ribeirinhas, estes não conseguem desempenhar o método de ensino por não possuir uma internet de qualidade, além de sofrer com os custos elevados de consumo. Como resultado dessas medidas totalmente aleatórias, os alunos estão tendo dificuldades de acesso e até se sentindo desestimulados a participar das aulas não-presenciais.

Para tentar ao menos amenizar os prejuízos financeiros, o Sintero protocolou ofícios na Seduc, Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (ALE/RO) e Casa Civil requerendo a criação de um auxílio no valor de R$500 para os trabalhadores e sugeriu a abertura de linhas de créditos e parcerias com empresas fornecedoras de produtos de informática. Porém o pedido foi totalmente ignorado pelo Governo de Rondônia, assim como o restante dos ofícios enviados e divulgados pela entidade, em que foram solicitadas informações e providências quanto ao grande volume de trabalho e outras situações, como o não pagamento de horas-extras. Em todas os casos, a Seduc respondeu com o silêncio e descaso. Sem argumentos para tanto, o Secretário de Estado da Educação, Suamy de Abreu, concedeu entrevista à mídia rondoniense, afirmando que os professores estão conseguindo desenvolver as atividades e que as aulas não-presenciais são um sucesso, inclusive aos alunos ribeirinhos que, nas palavras dele, em sua grande maioria, possuem celular para esta finalidade.

O Sintero lamenta que o Poder Público prefira não dialogar com o representante da categoria e nem atenda às sugestões oferecidas para amenizar as dificuldades existentes e que foram potencializadas pela pandemia.  Diante ao desrespeito e não cumprimento com as determinações do Plano de Carreira dos Trabalhadores em Educação, o Sintero solicita que os profissionais façam um relato formal, detalhando a rotina e a sobrecarga de trabalho e encaminhe ao sindicato, através do E-mail sintero.sintero@gmail.com para que providências cabíveis sejam tomadas. O Sintero informa ainda que está organizando uma agenda para realizar assembleias virtuais em conjunto com todas as Regionais para ouvir a categoria e deliberar os encaminhamentos diante das situações que estão ocorrendo. Em breve, o sindicato divulgará mais detalhes, através do site oficial e redes sociais da entidade.


3 Comentários

  • Diana
    01 de Julho de 2020

    Bem lembrado o consumo de energia cresceu é muito sem contar que muitos tiveram que comprar equipamentos para trabalhar de uma maneira menos prejudicial à saúde.O que muito me entristeceu foi que governo ainda fez foi tirar o vale transporte que com muita luta muitos recebiam acho injusto pois não temos culpa do que aconteceu e com isso putos gastos foram gerados com essa pandemia

  • LIGIANE CASAGRANDE
    01 de Julho de 2020

    Estou usando meu note, meu celular e a energia elétrica da minha casa pra trabalhar, os alunos não querem ou não podem usar esse classroom e eu ainda tenho que ficar preocupada com o ano letivo que eles vão perder? Sinceramente estou cansada e decepcionada. Fora a sobrecarga de trabalho, pois os alunos ñ tem internet montamos apostila.

  • Fernanda Abadia
    01 de Julho de 2020

    Texto perfeito mostrando as dificuldades de tentarmos ser bons profissionais sem nenhum apoio do governo. Relevante os gastos que aumentaram para banda larga 150$ pago e celular e notebook novos exigem eu nao tenho. Isso sem falar professores readaptados q tao sendo pressionados a renovar laudo em plena pandemia , onde os medicos e junta medica estao inativos.

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